Olá, Sabiá Saudade, há quanto tempo hein!? Você nunca mais deu notícias de sua vida alada. Desde sua partida, as coisas mudaram muito por aqui, sabia?
Nosso céu tem mais fuligem; nossas terras, mais tremores. Nosso alimento tem mais transgenia e nossa vida menos amores. Por aqui respiramos mais fumaça que oxigênio. Pagamos caro por tudo: água, ar, sol, vento, solo. Pagamos para nascer e para morrer. A espécie continua a devorar o planeta a ponto de morrermos de saciedade. Assim nós existimos e extinguimo-nos. Não lhe tiro a causa: tentar fugir da extinção falou mais alto
No começo não entendi bem sua partida, Sabiá Saudade. Foi até melhor que fosse embora e visse as bobagens que o homem faz com o meio ambiente. Saímos da Mãe-natureza que nos foi dada organicamente para construirmos uma Natureza-madrasta feita de concreto, vida e metal, como se fôssemos os únicos animais com direito de haver e expandir-se. E o curioso é que vários hominídeos migram para cá, para o reino do artificial com uma necessidade incrível de dar medo.
Nicho-lixo
Ocupação urbana desenfreada, desmatamento e queimadas das florestas, poluição e assoreamento de rios, lagos e açudes, erosão do solo e das encostas, acúmulo de lixo, caça predatória e extinção das espécies, envenenamento das lavouras e dos campos, escassez de água e ar puros, aquecimento global e efeito estufa... Assim sobrevivemos...
Cá, meu amigo, as coisas andam ruins. Mandarei avisos ao WWF e ao Green Peace. Não se sabe até quando o céu vai permanecer pintazulado. Um tom de cinza irrespirável paira em nossos pulmões e mentes. É que aqui só se respira dióxido-de-carbono-transporte-urbano: tudo isso com o apoio do atual partido de situação, o CFC.
Holocausto ambiental
Todo mundo mata a Mata Atlântica porque as árvores dão um verde-dólar lindo. Principalmente as árvores da desAmazônia. Caatinga, Pampas, Cerrado, Pantanal? Receio que esses biomas virem estórias de ficção com animais e plantas extintos que assombram nossa consciência selvagem. Enquanto isso, nossos agricultores plantam inseticidas, solventes, plásticos, herbicidas, tintas, fertilizantes e acabam colhendo DDT, benzina, mercúrio, cloro vinil, dioxina, chumbo e cânceres.
A nossa terra, esse planeta água, está passando por outro mal do século. Cuidado, asa ritmada! Se o Mênalo estiver seguindo para o mesmo buraco de ozônio, pega logo o primeiro foguete espacial e toca para o Asteroide B612. Ouvi dizer que por lá a biodiversidade não é transgênica: tudo no B612 é natural.
Lembranças a todos e saudades de cada um.
Planeta Terra, ano 2020
OBS: os incêndios no Pantanal correspondem a cerca de 2,8 milhões de campos de futebol destruídos. Essa é a maior tragédia ambiental em décadas na região.
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